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Diários de Adriana Hanayá

 

10 DE JUNHO Acordei com o despertador do celular, às 7h30, seguido das lambidas na minha cara do meu filhote Teddy, um salsichinha de 10 meses. É perfeita a sincronização desses dois despertadores. Fiquei sentada na cama, um pouco indisposta e com dor de cabeça. Pensei nas atividades do dia que seriam muitas, porque é o dia mais cheio da semana. Tomei café e remédio. A dor de cabeça passou. Às 9h, liguei o notebook e terminei de ler uma seção de uma dissertação que seria discutida mais tarde na aula. Fiz anotações. Despertador. 12h. Tomei banho, almocei e deitei uns minutos para descansar o ombro que havia começado a doer. O despertador toca interrompendo minha sesta, a aula irá começar às 14h. Aula de Linguística Aplicada, leitura, discussão, anotação, mais textos para ler para próxima aula. Novo toque no celular às 16h15.  Aula de pilates, exercícios para fortalecimento do ombro direito que está com tendinopatia. Aula agradável, alongamento, flexibilidade e no final um pouco de fisioterapia no dito ombro bichado. Voltei para casa, tomei banho e lanchei. Às 18h, novo toque do despertador do celular. Aula de Inglês online pelo Classroom, com leitura e muito listen. (My listen is bad). Saí 5 minutos antes do término da aula. Banheiro. Às 19h45, o celular desperta outra vez. Acessei novo link e entrei em um estudo literário espírita sobre a Obra Nosso Lar, de André Luiz. Gosto muito desse estudo que é feito nos moldes do Evangelho no lar. Fiz a leitura oral do exórdio, em seguida, teve a prece feita por outro participante, leitura oral compartilhada da lição 11, houve também uma linda apresentação musical feita por outra integrante que canta com a alma, depois, prece final e despedida. Banho, janta e cama. Sono restaurador.

11 DE JUNHO Despertador sincronizado com as lambidas de Teddy. Acordei bem disposta e feliz. Café da manhã. Brincadeiras ao ar livre, no quintal de casa, com meu filhote Teddy.  Leitura de um capítulo de Ariadne em Inglês. Banho e almoço. Lição no Duolingo. Às 14h30, o despertador avisa da defesa da Dissertação de Mestrado da Priscilla. Tarde de muitos conhecimentos partilhados. Foi uma grande defesa para a alegria do nosso grupo. Comemorações virtuais para ela. Fotos, publicações e homenagens mais que merecidas nas redes sociais. À noite, o despertador do celular mostra a seguinte mensagem: hora da leitura de Quarto de Despejo. A princípio, seria a leitura de dois ou três capítulos, apenas para conhecer o estilo da escritora e poder fazer minha atividade. Não foi bem assim que aconteceu. Comecei a leitura, no celular, do primeiro capítulo, veio o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto...Quando vi estava tão envolvida que não conseguia mais parar de ler. Fui para o notebook, porque queria enxergar melhor as palavras que contavam uma história de vida tão dura e miserável de Carolina Maria de Jesus. Uma mulher negra, favelada, catadora de papel, mãe solteira, uma verdadeira guerreira, que todos os dias trabalhava arduamente catando papel e alumínio pelas ruas de São Paulo para conseguir um pouco de cruzeiros para poder comprar comida para seus filhos. Fiquei refletindo sobre o papel da escrita e da leitura na vida de Carolina. O quão foi essencial a escrita dos diários para mantê-la viva em meio àquela subvida. Estou escrevendo com lágrimas nos olhos. Não tinha pensado que a escrita tinha também esse poder de salvar vidas, literalmente. Claro, que já tinha ouvido e lido depoimentos de escritores consagrados falando sobre a importância da escrita em suas vidas. Mas, NUNCA, tinha visto dessa forma tão palpável como a escrita desses diários de Carolina de Jesus, que a partir de agora será uma das minhas Escritoras de cabeceira. Sim, Escritora com “E” maiúsculo, porque são poucos os autores que conseguem prender a atenção do leitor e fazer com que ele não consiga escapar da teia do enredo até chegar na última palavra do livro. Essa foi a segunda vez que isso aconteceu comigo. A primeira foi na minha adolescência quando li a obra de Érico Veríssimo “Olhai os Lírios do Campo” levei seis horas ininterruptas para ler esse romance. E o Quarto de Despejo me prendeu por quase quatro horas, ali, sentada, em frente a tela do notebook, lendo em um arquivo digitalizado de PDF. Presa. Paralisada. Estarrecida. Já comprei o livro físico na Amazon e estar para chegar na próxima semana, porque quero reler num fluxo mais lento, analisando com calma e aprendendo com as lições de vida desta incrível mulher. Mas, qual era mesmo a pergunta? Vamos a ela, então: “Que tempo e condições temos para o envolvimento com a leitura e com a escrita?” Estou de licença para estudo e por isso tenho mais tempo disponível para a leitura e a escrita. Estou rindo, nesse momento, porque passei a vista ao meu redor e vejo post it de diversas cores colados na tela do notebook, na escrivaninha, na parede, até na caixa de sapato onde guardo as pranchas de cabelo. Estou ladeada de livros e cadernos. Meus livros são todos marcados com marca-texto amarelo e cheios de observações feitas a lápis. Meus cadernos são escritos quase que paralelamente; no momento, estou utilizando cinco. Vejo o quanto sou/estou privilegiada nessa fase da minha vida. E depois dessa leitura impactante desta obra literária de grande valia, vou me esforçar para ser mais produtiva, e, principalmente, estar cada vez mais cuidadosa com minha prática de ensino, pois quero fazer diferença na vida dos meus alunos, assim como vocês, que fazem parte da FORMLI, estão fazendo na minha vida. Gratidão.

 Natal/RN, 12 de junho de 2021.

Adriana Hanayá

Comentários

  1. Esse doguinho merecia uma fotinho aqui, hein?!

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    1. Ele está lá no Google Site. Tem uma página especial para ele: Teddy, meu cãopanheiro. Depois, vou até escrever um texto explicando o porquê. Obrigada pelo comentário. Bjs

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  2. Emocionada aqui... sim, a escrita cura e liberta (já disse isso para a Suzan, mas se adequa a ti tb, pela tua trajetória). E que coisa, você é quase escrava do despertador.... Amei demais ler seu texto!

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    1. Que lindo, profe Dorotea!! Muito obrigada pelo seu comentário! P.S. Hoje, domingo, não tem despertador e isso deixa Teddy confuso, que sobe e desce da cama umas cinco vezes. Um abraço bem apertado pra ti.

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